HOJE, 15 de
outubro de 2012, dia do professor. Vejo muitas postagens no face
lembrando isso, todos reconhecendo o valor do professor e salientando os
seus diversos desassossegos! A exatamente um ano, no Programa Aprovado,
pude apresentar alguns elementos desse "mal-estar docente". Por outro
lado, algumas pessoas os homenageiam e entre as homenagens sinceras,
algumas me incluem. Fico lisonjeado por saber que meu trabalho não é só ficar na UNEB, na academia, professorzinho de merda, formando otários - como já ouvi alguma vez.
Sou professor. Mais do que isso, atuo na formação de professores. E,
como um dia ouvi de uma professora minha, em Belo Horizonte, Inês
Assunção de Castro Teixeira, sei que o desafio da formação de
professores está em potencializar sua condição de sujeito
sócio-cultural, tornando-os capazes de interrogarem e reinventarem a si
mesmos, à sociedade e à história. Eis um desafio que, como dizia a mesma
professora, é sobretudo ético, pois trata-se de capacitá-los ao digno
exercício de seu ofício, que impõe a responsabilidade da formação de
outros sujeitos sócio-culturais, para que sejam igualmente capazes de
interrogarem e reinventarem a si mesmos, à sociedade e à história, como
sujeitos livres e autônomos. Sei que estamos lenge deste ideal e da
clareza desta função. Principalmente pelo modo como a sociedade como um
todo (apesar das postagens no Facebook) os hostiliza e os desvaloriza
cotidianamente. Os descredencia da autoridade necessária ao exercício de
sua função. Havendo qualquer confusão na escola, automaticamente
decretamos que quem está errado é o professor. Não há uma só "rede de
proteção" da profissão docente. Pergunto: e como é que alguém que não é
protegido e respeitado pode proteger e respeitar alguém?
Ainda assim
sei que formá-los, como diria a professora que homenageio aqui, é
formar o artesão da memória, aquele que conta as coisas da vida e a
experiência, que apresenta e interroga o mundo aos que chegam, que faz
prosseguir e recriar o conhecimento e a herança cultural da humanidade,
considerando as múltiplas formas de pensamento, de expressão e
sensibilidade humanas. Aquele que lembra, que busca e fala dos sonhos e
utopias às novas gerações. Alguém capaz de se indignar. E de se rebelar,
quando necessário. E o que eu desejo a todos os professores, de antes,
de agora e do futuro? QUE SE DÊM À DIGNIDADE DA INDIGNAÇÃO E SE REBELEM
TODOS! É O QUE DESEJO, JÁ FAZ TEMPO! E QUE SEJAM COMPETENTES NO QUE
FAZEM!
O resto é lero-lero!
Feliz Dia dos Professores a quem o é e sabe a dor e a delícia de sê-lo!
Um comentário:
Muitas mensagens "maravilhosas" são feias aos professores, mas como nenhuma de fato faz sentido porque nenhuma tem coragem de dizer o que é realmente ser professor, com suas dificuldades e desencantos... O dia do professor deveria ser mais do que um dia de homenagens, no nosso caso deveria ser um dia de reivindicação da opressão que nos envolve. Sou professor.
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