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domingo, 29 de novembro de 2009

a céu aberto

um dia a gente encheu a cara,
chapou, bebeu, fumou e foi pescar poesia.

a noite se afundava muito para cima
e era lá que a gente jogava isca de rima
e risco de língua no corpo...

de vez em quando uma faisca de frase arranhava o céu
e um sussurro qualquer quebrava o silêncio dos pelos

a gente se impressionava muito com isso
com essa fundura do céu boiando por cima de nós
e nos mirando impiedosamente de cima
com seus bilhões de olhos arregalados

algum verbo supapava o fio do papo em forma de verso
reverberava nas profundezas do cosmo
mas era difícil estancar o fluxo do pensamento
para dar forma a alguma frase solta
sobretudo porque o papo era outro: era tátil

acima de tudo, o céu nos sugava
e nos estasiava em seu chiado mudo
a gente apenas enganchava mais um corpo no outro
para não despencar nesse abismo iluminado acima de nós

(Pinzoh)