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domingo, 29 de janeiro de 2012

ETERNO

O que se espera de um poema depois do amor?

Que ele contenha os sussurros, os prazeres

Os dizeres da hora mais lânguida?

Que ele minta, poema de quinta

Numa quinta-feira?

Que ele faça a feira, marido assíduo?

Ou que ele rasgue o verbo,

como se arrancasse a roupa íntima?

Preciosíssima: esmeralda, turmalina, ametista

Que cintila entre o verde e o safira.

Se amor houve, o sexo, o gozo

O que mais ouso num poema acrescentar

Além de uma carícia em forma de promessa

Ou um mero marco a ninar lembranças?

Um poema que pode nos dizer dessa loucura nossa

Quando me deixas, sem bossa, beijar o céu da tua boca

A língua solta, a voz tônica, quase rouca

Que me dedico a sorvê-la e daí varrer estrelas

Com sabor de pecado recente.

Poema pra lhe lembrar, leve e solta, como bola de sabão,

De quando desceu do salto e assaltou meu coração.

E o que mais posso fazer?

A não ser comer teus olhos de rubis escuros

A não ser mentir futuros

Inventar sonhos de vida

Sobre a pedra endurecida do viver.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

POEMA DE NÓS DOIS

Hoje fizemos poema, com pernas e cotovelos

Umbigo, nuca e cabelo

E beijo de olho aberto, para não apaixonar


Mas o fizemos com zelo, com peito, pelo e pentelho

Um poema sem promessas, nem desespero, nem pressa

Sem hora pra terminar


Armazenamos os cheiros, de um, de outro e dos dois

Para sentir amanhã e muito tempo depois

Depois que tudo acabar


E quando for já bem longe, a milhões de anos luz

Que reste na imensidão, como estrela que se pôs

O poema de nós dois.