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domingo, 24 de outubro de 2010

olhos de turista

enquanto a gente se lambuza desses sonhos de evasão
as ondas lambem a areia e molham a solidão dagente
o peixe já está vindo na panela
condenado ao ácido do estômago, seu inferno
todos os que nos servem são pretos
os outros se divertem!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

FÁBRICA DE POEMAS

Poesia, se for em noite de lua,
é lavrar a palavra no corpo,
corporificar metáfora no gesto,
grafar desejo na pele nua...

(Ah, meu Deus! Eu não posso ficar lhe mandando poesias, pra não arranhar o seu corpo com minhas metáforas)

Mas se quer mesmo se arriscar...
Primeiro um papel em branco,
um instrumento que rabisque
e uma idéia em deriva...
invente!

Faça de conta que é brincadeira
e recorte palavras, e monte seqüências
e jogue com os sentidos duplos
e com os efeitos fortes,
daquelas palavras que cortam
como navalha, gilete e machado

posicione os pesos diferentes
quando a questão for fazer sentir
e rasgue o verbo
e borre adjetivos límpidos

tudo é uma questão de desencanar
– até o gozo!!!
e de fricção também...
E se for preciso leia Leminski
e tire faísca de pedra
(por puro prazer da fricção)

(Se for o caso me peça ajuda!)

BESTA

noite, noite, noite,
pra que tanta pressa
de passar por nós
se este é meu momento
e se uma noite é pouco
pra ficar a sós

se tudo que pensei
tudo que sonhei
pra dizer agora
soa diferente
soa inadequado
e indo vão-se as horas

preciso dizer
arranjar um gesto
sair do impasse
por isso que peço
que pare o universo
que a noite não passe

que não venha o sol
que não venha o sono
que o tempo estacione
que o papo não mingue
que eu tenha coragem
de dizer o teu nome

no meio das coisas
que eu digo que amo
nomeie a fissura
que eu digo que sinto
declare o desejo
que por ti carrego

tropeço nos gestos
disfarce, embaraço,
e a noite correndo
as horas se indo
o papo cessando
o sono chegando
o que há comigo?
são coisas tão simples
que tenho a dizer
sei que não machucam
que não vão doer
sei que são afagos
sei que são sinceras

e porque não digo?
e por que reluto?
sofro antecipado
e antes de dizer
algo me atormenta
torna-me um culpado

e enquanto isso
enquanto me acanho
outros são velozes
logo te abocanham
violam os instantes
atropelam tudo

e eu com essa mania
de achar um jeito
de ser bem sutil
não assustar tanto
escorrego sempre
nas horas que passam

que há nisso tudo
que me assusta tanto?
um não, um talvez?
um sim, por enquanto?
uma longa história?
um amor rebento?

antes que eu desista
antes que seu rosto
se perca de vista
antes que amanheça
digo de uma vez
que eu quero, que eu topo,
que eu amo e sou besta.

DANÇAR

E por que não brilhar entre os escombros?
Retirar dos ombros este peso dos dias
Esquivar-se do tumulto das ruas
E dançar!

Dançar pra pedir perdão
Dançar pra pecar também
Dançar em forma de prece
Para essas crianças sem rosto
Desalmadas, desarmadas...
Dançar em forma de reza
Contra essas balas perdidas
E contra os mísseis de guerra
Sabe Deus não veja encanto
No fraseado de passos
Pois se Deus nem desencanta
Nem a gente desencana,
– Eis outra forma de dança!

Certezas duvidosas

Certeza tem dessas coisas
De um dia se quebrar
Parece uma coisa frágil
E tem fazes como a lua
Ora cresce, ora míngua
Quando cresce é algo claro
Mas claro que há escuros!
E se míngua a face turva
Mas resta réstias de luz
Nalgum ponto reto ou curvo.

Certeza é coisa que cega
A dúvida quase esclarece
É como uma meta-prece
Sem um santo definido
Mas cujo jeito é aquele
Que ninguém acaso disse
Mas doutro jeito não serve.

Será certo ter certeza?
É duvidoso estar certo?
É complicado, é complexo
Como se diz hoje em dia.
É preciso o afastamento
Para mirar doutro ângulo
Não se vê bem, bem de perto
Parar para por suspenso
O certo que de tão certo
Já se tornou desonesto.
Cogite uma fórmula nova
Agite antes de guardar
Que a vida nasce na cova.

Faça já seu sacrifício
De criar a diferença
Da cor, do amor, da crença....

Bom filho é o que a casa deixa
Sem queixas, sem desaforo
Que deixa a casca do ovo
Sem amassá-la, sem furos
Bom homem é o que tem pecados
É o que erra, é o que berra
Chora, mama, arrota e reza.
Bom discípulo é o que xinga
Se a topada lhe castiga!

PROPOSTA

Que bom se você deixasse
Beijar o céu da sua boca
Abraçar sua voz rouca
E varrer de lá todas as estrelas
Como sabor de pecados recentes.

Colorir seus sonhos com a minha mão
E te fazer leve e solta
Como bolas de sabão

Pronta para renascer

Livre como sonho de vida
Sobre a pedra endurecida do viver
Viver nada mais que o sonho
Partido aos pedaços, dispersos
Sonhar nada mais que unir
Os cacos diversos da vida
Na vinda, na ida...
Dividi-los em versos
Agregá-los em sonhos

QUASE

ERA PRA SER AMOR E VIROU TEXTO
ERA PRA SER DE FATO E VIROU LETRA
ERA PRA SER POEMA
E NEM ISTO LOGROU, O QUE RESTOU

ANTONIO NASCIMENTO

Havia poucos momentos em que quase todas as pessoas do lugar se reuniam. Antes do surgimento da Feira, esses momentos eram as novenas e quermesses, festas e adjuntos, sempre fundindo o sagrado e o profano. Ou as taipas de casas, que geralmente antecipavam os casamentos, fossem estes longamente planejados ou rapidamente precipitados, em função de algum ato de desonra. A lei era clara: buliu, tem que casar. Depois da Feira, esta ficou sendo o espaço dos encontros e trocas entre homens e coisas e fluxos. Mas houve uma situação, antes mesmo da Feira, em que todas as pessoas tiveram que convergir para o mesmo lugar, no mesmo dia e horário. Foi no dia da campanha de vacinação. O Governo convocou a todos, adultos, idosos e crianças, para receberem doses de tipos diferentes de vacina. Eu era pequeno, mas lembro! E o que não lembro, invento.
/
A população foi convocada a se reunir à margem direita do riacho do Jaquinicó, no local onde passa a estrada que vai de Patamuté a Curaçá, no trecho entre a escola de Baiana e a casa grande de Né Pereira, exatamente ali entre as cacimbas de Antonio Pereira e de Zé de Souza, à sombra das enormes caraibeiras que existem ali. Não lembro a data, o mês, o ano, mas tava quente e tinha muita gente. Todo mundo, com todos os seus, homens, mulheres, meninos, cachorros, velhos, zambetas e zaroios, a pé, a cavalo ou de jumento, com lágrima, suor, berro e bosta de guri e todos os cheiros possíveis, estavam ali, disputando sombra e entortando a fila, que era longa, caótica e zuadenta. Uma das vacinas fazia pequenos furos no braço esquerdo, próximo ao ombro. Sangrava, doía e a meninada abria o berreiro. Parecia um ritual de tortura. E ao mesmo tempo uma festa. Tinha gente vendendo umas garrafinhas de plástico com refrescos coloridos, vindo da rua, que a gente cortava a ponta e se deliciava. Era pra ser gelado, mas na verdade, tanto fazia. O gelo dava dormência na boca e até dava um dor aguda na testa. Chega tinia! Falta de hábito. Tinha gente vendendo bolo, doce. Gente gritando com menino, puxando orelha e dando cascudo em público. Tinha até lambreta. E muita conversa! Aliás, muita zuada.
/
Foi a primeira vez eu vi Antonio Nascimento. Vinha num jumento. Inválido. Alguns homens se reuniram para desapeá-lo. Os homens o colocaram numa cadeira, coisa rara por ali. E ele ficou nela, teso, com seu bastão e seus olhos duros. Mexia a boca como se mascasse fumo. Não falava. Era velho. E preto. O mais velho que já vi na vida, mas não o mais preto. Não ia tomar vacina, mas não tinha com quem ficar em casa, aí os parentes o levaram para a campanha de vacinação. Judiação! Uns apostavam que ele já tinha passado dos cem. Nós meninos, chegávamos perto para olhar nos olhos e ver para onde ele olhava tanto, sempre na mesma direção. Será que é cego? A gente ficava na frente dele e ele parece que olhava através da gente, das pessoas e das coisas. Olhava para outro lugar, outro tempo, outro mundo. Ou então tinha paralisado os olhos e não via nada. “Os ói tão impedrado, num tá vendo?” Tinha quem quisesse até levar o dedo na direção dos olhos dele só pra testar. Os adultos ralhavam, a gente dispersava. Os pés eram uns tufos inchados, com rachaduras e unhas quebradas e sujas. O grude das unhas das mãos tinha virado crosta.
/
Quando surgiu a Feira, ele também vinha, aos domingos, como um sonâmbulo em cima de um jumento, e alguém a pé, puxando e cuidando para ele não cair. De vez em quando entortava na cela, pendia para um dos lados, mas era sempre teso. Por isso não despencava. Colocavam numa cadeira e ele passava o dia todo ali parado, atraindo moscas e meninos. E a gente ficava pescando histórias sobre o velho. Disseram que ele havia lutado na “guerra do fim do mundo”, a guerra de Canudos. Uma guerra tão horrorosa, sangrenta, que matou todo mundo, e quem não queria morrer tinha que fugir. Teve gente que teve que fazer buraco pra dentro da terra para poder fugir. Entravam nesses buracos e iam sair noutro lugar do mundo. Foi assim com o velho Nascimento. Quando ainda jovem, ele fugiu da guerra, onde lutou ao lado do Conselheiro, por um desses buracos. Buraco que ele cavou com a unhas, feito tatu. Veio sair ali perto. O buraco teve que tapar, para evitar que viessem atrás dele. Deve ser por isso que tem as unhas tão sujas.
/
Ficou por ali, fez família, teve filhos, sempre silencioso, misterioso, calado, com uma respiração que às vezes emite uma espécie de rosnado. E mascando! E segurando seu bastão. Demorou a morrer. Naquela época, já nem sabiam mais quantos anos ele tinha. Mais de cem, por certo. Ele mesmo não sabia quando tinha nascido. Documento, não tinha. O povo não sabia se fazia as contas com o nascimento primeiro, de barriga de mulher, de mãos de parteira, ou se só contavam a partir do seu aparecimento, já adulto, vindo do buraco e fugindo da guerra. Na verdade, para as pessoas que o conheciam, ele nasceu mesmo foi de um desses buracos, por onde ele disse que veio, como resíduo real e imaginário da guerra. Ninguém sabia explicar a relação entre o seu nascimento e o sobrenome Nascimento, que carregava. Em seus olhos ainda pareciam crepitar as chamas da guerra. Mas a meninada tinha medo de chegar mais perto desses olhos, pra ver se via mais alguma coisa.

ERA ASSIM QUE ERA

Na maior parte do tempo o corre-corre começava quando as notícias do dia ainda vinham longe. Papai berrava antes dos animais: “olhe o sol na bunda!” Era hora de pular da rede esfregando os olhos, limpando remelas, espreguiçando o corpo enguiçado de sono. Era preciso relembrar pouco, que o corpo já tava programado, embora, a estas horas, tivesse que pegar no tombo. Caminho do chiqueiro e do curral, um ao lado do outro. Os pequenos tiravam o pouco leite das cabras, que do curral cuidava o pai. Cabritos já crescidos – e magros. Em seguida era abrir a porteira da parte do chiqueiro, estes dormiram ainda afastados das mães e deixar que eles supapassem as pelancas de peitos esvaziados.

O ritual seguinte era soltar a todos e encaminhá-los a algum pé de juá ou caraibeira, que fora desramado para amparar a escassez de verde na alimentação dos animais. Ainda era preciso voltar em casa e moer o milho que fora posto de molho na noite inteira, aparar o leite que gotejava do moinho manual, fincado num dos lados da cozinha, peneirar a massa, separar a fina da grossa, o xerém, e encaminhar a primeira parte para o cuscuz e a segunda para o angu.
Depois disso, ir ao riacho, afastar a areia e os sapos e forçar que a pedra merejasse suas poucas lágrimas, que remediariam a sede de todos. Esperar que a água desse para encher a lata de querosene, de 18 litros, e voltar para casa, equilibrando-a na cabeça, apoiada no rodilha, para abastecer os potes da casa. O resto do dia era conduzindo e socorrendo um animal aqui e outro ali, transpondo de um cerca a outra, por uma vereda ou outra, até que, à tardinha, gritássemos pelo mato, ali por perto, para que todos os animais viessem á malhada. Prender enchiqueirar, lavar os pés, jantar, debulhar alguma espiga, botar milho de molho, pouca conversa, dormir.

Se uma chuva caia, ainda primeira, sem promessa de vir uma segunda, não era o berro do pai antes dos animais – “olhe o céu na bunda!” –, mas era o tinido do atrito da marreta com a lâmina da enxada. E antes disso era o cheiro que entrava pelo corpo e o convidava a espreguiçar antes do berro do pai. Aí tudo mudava! Era outro tempo, que nem lembrança tinha do outro, seco, austero e áspero. Este era outro, úmido e lambuzado. Caminho da roça parecia convite a brincadeira! Demorava pouco para que o mosqueiro anunciasse que havia coalhada e nacos de requeijão pela conzinha.
A terra, mexida, removida, escavada, arada, exalava seu cheiro de cio. As plantinhas concorriam com as minhocas e esbugalhavam o casco duro do chão. A erva nova dava caganeira nos animais. Mas logo, logo haveria pêlo fino nos marrões.

De um tempo a outro o pai era severo. Um olhar de esguio comunicava um enunciado inteiro. Alinhava as covas e ensinava a distância entre uma e outra. Os números de sementes em cada cova também era calculado, já contando com alguma baixa embaixo da terra. Embora o buraco fosse chamado de cova, plantar não era enterrar sementes. Isso tínhamos que aprender cedo.

Nos dias seguintes o berro do pai – “olhe o céu na bunda!” – se confundia com o canto dos passarinhos que teríamos que espantar gritando e batendo latas de uma ponta a outra da roça, para que eles não liquidassem os brotos frágeis dos feijões. Era assim que era! Era assim!

DIA E NOITE

os dias passam como as águas
como o rio, o tempo é sempre adiante.
só eu pareço parado, franja na testa, idéia tesa!
ouvindo escorregar o tempo como as águas
e algo, porém, em mim, é radiante.
/
eu ouço o tilintar metálico das horas
eu sinto o palpitar da terra se movendo
perscruto até o ranger das nuvens lá no céu
outras coisas nem com esforço entendo
como um alarido que há aqui na vizinhança
que eu não cogito razão de existência...
ou a xaropice dos barulhos da cidade
que vazam até mim pela fresta da janela
e gastam até um pouco a minha tolerância
mas, por hora só sei do zumbido maior dentro de mim
este sim, exige dose maior de paciência.
/
acho que sei que a vida é assim
um labirinto largo, que dura a vida toda
e que só à noite a alma se liberta
e até flana em passeios que não conto.
/
penso que um outro eu de mim se desprende
para rondar os becos da cidade
até achar um deles que leve ti
para ter, assim, notícias suas
e vira esquinas e dobra ruas
e volta a me dizer que dorme em paz,
que tem os olhos bem fechados
e um riso inciado na boca entreaberta
e quando a manhã vem e me desperta
eu tenho a sensação de ter sonhado.
/
assim vivo, dessas sensações pequenas
desses pequenos acenos dos seus olhos
dessas mentiras que invento pra mim mesmo
pois dentro de mim só o que existe é ermo
o tempo extenso, o dia quente e longo
/
já que nessa confissão eu escorrego
aproveito então e digo logo
que só em sua promessa e eu já me afogo
um meio sorriso seu, e eu já desabo...
/
e espero o tempo, rio que nunca pára
que me promete que quem espera alcança
promessa esta que em mim balança
pêndulo do tempo, e apenas isto!
e se nem assim isto me cansa,
assim também, afirmo, eu não desisto!
/

LIÇÃO DAS URNAS 3

Eu nasci no sertão, precisamente num sítio chamado São João, no povoado de São Bento, interior de Curaçá, Bahia, Brasil. O ano, 1967. Um ano antes do "ano que não terminou", segundo Zuenir Ventura, 1968. Período cruel da Ditadura Militar. Filho de pais pobres, amarguei desde cedo os diversos modos de coação da política. Naquela época, quem mandava, mandava. Qualquer contrariedade era resolvida no insulto e na intimidação, ou simplesmente na porrada e na bala. Não havia a quem apelar: ministério público, direitos humanos... O delegado o juiz e todas as demais autoridades mais acima ou mais abaixo comiam na mão do político-mor paroquial, que comia na mão do político-mor estadual e assim por diante. Tempos de políticos biônicos: ACM foi um deles. Marco Maciel, vice de FHC, também.
/
Naquele tempo não se falava em corrupção porque não havia tribunal e PF para investigar, denunciar, julgar e punir. Em tempos de eleição a corrupção corria solta. Voto que não era de cabresto, fruto da intimidação ostensiva, era comprado com filtro caseiro, caçamba de areia, dentadura ou ligadurra de trompas (que diga como isso funcionava o ex-deputado Pedro Alcântara) e até uma ambulância para levar um doente de uma cidade a outra, viarava um favor que era pago com voto.
/
Os jovens de hoje, os que se encantam com um cara como Serra usando emblema de "ficha limpa" ou os que votaram em Marina "em nome da ética", todos os que pensam que a corrupção foi inventada hoje e pelo PT, não sabem da missa um terço. Tempos de corrupção para valer mesmo eram aqueles, principalmente porque não havia quem julgasse. E quem ousasse denunciar ou era morto ou exilado! A coisa pública era extensão da casa do mandatário. Os carros da Prefeitura de Curaçá, por exemplo, serviam para o filho do prefeito dar "cavalo de pau" e comer água e mulher em Juazeiro. Tribunal de contas? Contas reprovadas? Quem ouvia falar disso? A SUDENE, a SUDAM, o DNOCS, os órgaos oficiais que deveriam servir, por exemplo, para implementar o desenvolvimento de regiões como o Nordeste e a Amazônia, eram sugados, vampirizados em favor dos oligarcas da política brasileira, baiana, nordestina. Era um paraíso!
/
Lembrando disso venho aqui comemorar, mais uma vez, os resultados destas eleições. Pela primeira vez, sem cabresto algum, sem intimidação (exceto a da boataria que os marqueteiros colocaram em curso para difamar uns, como sendo do mal, e privilegiar outros, como sendo do bem - esse anacronismo da comunicação eleitoral que só rebaixa o nosso senso comum), as pessoas foram às urnas, votaram e se posicionaram de forma surpreendente nestas eleições. E o resultado foi formidável. Fico enormemente feliz em ver um Marco Maciel (um dos gagás da política brasileira, que começou sendo político biônico) derrotado nas urnas. Uma leva inteira de velhos políticos, acostumados com o velho e anacrônico jogo da política foram derrotados: Marco Maciel (DEM), Heráclito Fortes (DEM), Jorge Bornhausen (DEM), César Maia (DEM), Mão Santa (ex-PMDB), Arthur Virgílio (PSDB), Tasso Jereissati (PSDB), Paulo Souto (DEM), Cesar Borges (PR)... Aliás, o DEM está em extinção! As velhas raposas que vinham desde o ARENA 1 e 2, depois, PDS, depois PFL e agora DEM, vendo a canoa afundar, estão pulando fora e vestindo roupa de cordeiro. Uma parte deles foi acudida pelo PMDB de Geddel, o novo pretendente a coronel que a Bahia tem. Mas mesmo assim o naufrágio prossegue!
/
Enfim, muitos velhos coronéis, oligarcas da política brasileira, beneficiários e herdeiros da Ditadura Militar, ícones da antidemocracia e de uma política restritiva, ameçadora e corrupta - que agora pousavam de "paladinos de ética na política" - foram todos derrotados! Eu achei isso tudo uma coisa fantástica! Acho que, aos poucos, o povo está se emancipando. Claro, que ele ainda não está isento das muitas e novas formas de manipulação. Mas que a democracia está avançando, está! O Brssil está pasando por uma fase nova, mais inclusiva, mais democrática, mais livre! Claro que temos problemas, e a corrupção é um deles. Mas isso vem de longe e já foi pior! Começou com a corja que veio com D. João VI, enconstada na coroa, comendo, bufando e reclamando! E continuou nos diversos golpes que o país sofreu! Hoje há imprensa livre, há tribunais, etc. Não estamos mais sob a égide de medo! Em relação à corrupção ela é um problema nosso, de todos nós que temos que exorcizar! A cordialidade do "jeitinho brasileiro" não passa de um disfarce do patrimonialismo. É aí que nascem todas as corrupções, quando aquilo que é público é apropriado por alguém como sendo coisa privada. Mas, sobre isto, não serão os velhos oligarcas que nos vão ensinar! Eles não têm nada a nos ensinar sobre democracia e honestidade política. Eles não sabem o que é isso, acreditem, porque nunca viveram! Estavam refestelados no poder este tempo todo, desde que o cão era menino, dificultando a passagem para tempos melhores. Por mim eles já vão tarde!
/
Que os novos políticos saibam onde colocam os pés, afinal, mesmo em um tempo como o nosso, um tanto desmemoriado, o passado ainda tem muito a dizer. A democracia depende de uma tradução da história. Assim como depende de ações renovadas pelas exigências do presente, olhando o futuro e seguindo adiante, e não mais ficando preso ao anacronismo das velhas raposas! Sigamos adiante com a democracia - afinal ela ainda é jovem. E que os jovens saibam o que isso significa!

domingo, 17 de outubro de 2010

O JOGO SUJO DE SERRA

O candidato à Presidência da República, José Serra, do PSDB, resolveu jogar o vale-tudo nesta reta final da campanha. Mente e calunia de todas as formas e deixa explícito o seu caráter como pessoa e como político, e bons indicativos de como seria o seu governo, caso ganhasse. Tomou a questão do aborto como piloto de uma campanha de calúnias e difamações, distorceu e empobreceu a discussão do tema. Borrou tudo! Mas, pisou no próprio rabo e se contradisse! Veja um vídeo em que ele se perde em seu próprio labirinto! Basta procurar no Youtube um vídeo chamado "Mentira tem perna curta" (http://www.youtube.com/watch?v=nOS6-KUiUSQ) ou entrar no link a seguir:
http://www.rodrigovianna.com.br/geral/exclusivo-dona-da-grafica-e-do-psdb.html.

Veja também neste mesmo link que a dona da gráfica que produzia planfletos caluniosos contra Dilma é do PSDB! Confira, reflita e se decida!

CADÊ OS CACIQUES?

Uma coisa curiosa que não posso deixar de perceber é como os candidatos a Depuatado, Eatadual e Federal, que tanto usaram as imagens de Lula e Dilma nessas eleições para arrangariar votos para suas campanhas, sumiram agora no segundo turno. Em Juazeiro, Joseph Bandeira, "nosso deputado" nunca eleito, parace que sumiu da cena. Agora a militância que se vire! É uma oportunidade de a militância ver que sempre esteve só, e usada em causa própria. Quero ver como é que vai ser agora na reta final. Quero ver quem é que vai botar a cara!

A LIÇÃO DAS URNAS 2

De vez em quando desejo me posicionar sobre a política, de Juazeiro, do Brasil ou do Mundo. O único lugar onde posso me expressar mais livremente é este: o meu blog!
A última vez que fiz isso comemorei a eleição de Isaac, em Juazeiro, por derrotar a mesmice que se revezava na política local desde antes de eu vir morar nesta cidade, desde 1989. Não quero aqui adiantar as minhas avaliações particulares sobre o desempenho de Isaac, como prefeito da cidade - e eu as tenho - mas, venho comemorar aqui um outro resultado eleitoral que tomo como uma "lição das urnas": nestas eleições nenhum candidato a deputado, estadual ou federal, foi eleito em Juazeiro. Digo nenhum porque, o único que é da cidade e se elegeu Deputado Estadual foi Roberto Carlos, que merece os nossos parabens, mas, é importante destacar, ele não foi eleito com os votos de Juazeiro. Não se pode dizer que ele foi eleito em Juazeiro.
Quanto aos outros, Jorge Khoury, Joseph Bandeira, Pedro Alcântara e Misael Aguilar, estes tomaram um tombo. Um tompo merecido! Espero que eles, todos eles, tomem o resultado das urnas como um recado claro! Jorge Khoury laçou uma revistinha falando se suas obras em mais de 20 anos de mandato. Mas elas não são representativas dos dividendos econômicos e políticos que ele abocanhou nestes mais de 20 anos. Acho que ele deveria se aposentar! Recomendo a mesma coisa a Pedro Alcântara, que em tantos anos de poder não conseguiu sequer melhorar as condições de fornecimento de água e a estrada para sua cidade natal, Campo Alegre de Lourdes.
Misael Aguilar, que resolveu tirar o seu filho da candidatura porque ele não ia muito longe mesmo, logrou uma exemplar derrota. Acho melhor que ele vá cuidar de seu patrimônio, aprimorado com os anos de poder. Joseph, que nunca foi eleito deputado, mas seus séquitos o tomaram não apenas como "nosso deputado", mas como o "chefe", deve entender que não é assim que o povo quer que a política seja praticada, com atitude patrimonialista, assumindo o posto do "dono do curral eleitoral", mandatário dos cargos da "nova hegemonia". A política exige novas posturas e novos políticos. Estes aí estão todos envelhecidos, gastos, carcomidos. Eles e seus discursos, gritados ou não, já se tornaram repetições esvaziadas. Tá na hora de renovar as práticas políticas e seus praticantes!
Eu comemoro este recado das urnas! Juazeiro, certamente, não vai ficar pior por não tê-los elegido, afinal, se isto justificasse, Juazeiro era para estar um brinco, tendo dois deputados federais, sendo um deles há mais de 20 anos. E não está! Se Juazeiro não pode mostrar o que ganhou em tê-los, não pode chorar por perdê-los!