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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

DIA E NOITE

os dias passam como as águas
como o rio, o tempo é sempre adiante.
só eu pareço parado, franja na testa, idéia tesa!
ouvindo escorregar o tempo como as águas
e algo, porém, em mim, é radiante.
/
eu ouço o tilintar metálico das horas
eu sinto o palpitar da terra se movendo
perscruto até o ranger das nuvens lá no céu
outras coisas nem com esforço entendo
como um alarido que há aqui na vizinhança
que eu não cogito razão de existência...
ou a xaropice dos barulhos da cidade
que vazam até mim pela fresta da janela
e gastam até um pouco a minha tolerância
mas, por hora só sei do zumbido maior dentro de mim
este sim, exige dose maior de paciência.
/
acho que sei que a vida é assim
um labirinto largo, que dura a vida toda
e que só à noite a alma se liberta
e até flana em passeios que não conto.
/
penso que um outro eu de mim se desprende
para rondar os becos da cidade
até achar um deles que leve ti
para ter, assim, notícias suas
e vira esquinas e dobra ruas
e volta a me dizer que dorme em paz,
que tem os olhos bem fechados
e um riso inciado na boca entreaberta
e quando a manhã vem e me desperta
eu tenho a sensação de ter sonhado.
/
assim vivo, dessas sensações pequenas
desses pequenos acenos dos seus olhos
dessas mentiras que invento pra mim mesmo
pois dentro de mim só o que existe é ermo
o tempo extenso, o dia quente e longo
/
já que nessa confissão eu escorrego
aproveito então e digo logo
que só em sua promessa e eu já me afogo
um meio sorriso seu, e eu já desabo...
/
e espero o tempo, rio que nunca pára
que me promete que quem espera alcança
promessa esta que em mim balança
pêndulo do tempo, e apenas isto!
e se nem assim isto me cansa,
assim também, afirmo, eu não desisto!
/

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