Se se pudesse comprar certas coisas
Eu iria trabalhar pesado
Como não, eu fico descansado
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Mas ainda assim eu preferia ter
que trabalhar muito e alienado
Se certas coisas se pudesse comprar
pagando por elas o seu devido preço justo.
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Custo por custo, certas coisas
Não se pode mesmo comprar
Senão, era simples: "quanto custa?", "quanto dá?"
Embrulha, empacota, ensaca, bota na gaiola
Sendo bem pago, ainda posso até alforriar
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Mas certas coisas não se pode comprar
Não há preço, tabela, moeda, câmbio negro
Fiado, crédito, prego: “pode pendurar”
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Certas coisas só se pode mesmo conquistar
Coisa cara, cara a cara,
Preço que nem sempre se pode pagar
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Eu compraria um par de seus olhos negros
Nem que fosse uma cópia fajuta
Enjaulava numa moldura e pregava na parede
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Penduraria fiado a rede ali bem perto
E, de certo, esperaria as cobranças
de olho pregado naquele par de olhar
Assim eu estaria dispensado
do dispêndio de ter que conquistar
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Mas como eu não sou coronelzinho
Como eu prefiro espernear,
Correr atrás, sofrer, fazer por merecer
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É somente isso que posso fazer
Pra ter por apenas mais dez minutinhos
Depois que a festa acaba
Seus olhos de jabuticaba.
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Josemar Pinzoh da Silva Martins
Dia 10/01/2004
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