Uma página em branco
Pronta pro rabisco
Sem eira nem beira
Sem rima nem métrica
E sem sacrifícios
Uma página aberta,
Janela indiscreta
Quiçá fossem pernas!
Uma página em branco
Pronta pro rabisco
Uma história inteira
Pode estar aí
Esperando as letras
Lápis zero sete
Ou esferográfica
No papiro velho
Que materialize
Este vir a ser
Uma página em branco
Pronta pro rabisco
Procuro, não acho
Fico cabisbaixo
Distraio o sentido
Virando na cama
Vou compondo cenas
Entre suas pernas
Só imaginárias
Uma página em branco
Pronta pro rabisco
Na borda da boca
Nos cílios, nos olhos
Na pele morena
Na curva da nádega
No pico dos seios
Na dobra do braço
Ou nos vales úmidos
Às vezes assim
Nem me reconheço
Quando perco o rumo
Quando perco o sono
Quando caio em mim
Já é madruga
E eu não fiz nada
Além de vagar
Com o fio da idéia
Rabiscando formas
Em sua lembrança
Pode ser que sim
Pode ser que não
– E eu me rendo à rima:
Essa coisa besta
Dizem que é paixão
(Pinzoh)
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