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sábado, 25 de dezembro de 2010

Ainda Menos


Veio. Não para mim, que não mereço – embora queira!
Mas veio. Sentou aí na sala e abriu um portal. Antes eu achava que era só uma janela. Profunda! Alta! E eu, com medo de altura! E eu, cansado! Perdendo! temendo escorregar por ela, goela abaixo!

Descobri que entrego os pontos. Partida de dominó, mão sei jogar. Desaprendi! Não sei contar as pedras. Às vezes ganho, mas não explico! Nem seguro! Não dou permanência! Vou dormir com meu fracasso!

A menina dos olhos, caídos! E a menina acesa! Corada! A ideia andando em grande velocidade. Um poema na tela. E tê-la? Cadê? Tenho a impressão de que roço a folha do metal, a lâmina, encosto ali e sinto o gelo! Gelo! Aliás, gélo, de gelar, o verbo, não o substantivo! Gelar, paradoxa ação, cujo paradoxo insiste em não ficar no feminino!

Todas as mãos, os gestos, eu acompanharia, sem grilos! Colocaria meu afeto onde desse pra sentir de leve! A não ser que tivesse lido, visto e fumado Clarice Lispector. Raxixe puro! E nisso, a noite, essa passagem, sempre deixa sempre essa sensação de que poderíamos ir mais longe! Ou mais perto! Ali, do lado!

Às vezes eu envelheço rápido, nisso! Resta ainda, lá no fundo, um punhado de menino, querendo se pendurar em galho! Querendo um atalho pra sair do chão! Mas, então a noite finda, e eu me vingo indo embora! Entro depressa e fecho a minha bolha!

Hoje, vislumbrei uma enorme rachadura, no canto superior esquerdo da minha ilusão! Tem dias que eu acho que sim. Há dias que acho que não! Hoje, logrei saber ainda menos! Tem nada não!

Vou me olhar mais uma vez neste espelho angular, oblíquo, pra ver se me arrisco do lado de fora! Porei o pé, como se põe o pé na água, em pleno sertão! Assim, devagarinho. Até que tudo se precipite de uma vez!

Aí a gente encara a vida, e pensa: venha!

Um comentário:

Ana Carla Guimaraes disse...

Nossa..quanta poesia e vivência!!