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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

TARA

a verdade da brancura do papel,
esta virgindade sedutora,
intolerável!
a convidar-me para esvaziar um pouco o peso o ser,
a aliviar sobre ela a existência,
talhada por todas as precipitações

sou magro de fé e de coragem
quase um abstêmio, um estulto,
a desculpar-me sempre de mim mesmo

por isto tornou-se meu divã
esta brancura, resoluta, impiedosa!
à espreita, aí, como um devir
a devorar-me,
a exigir-me a confissão,
a seduzir-me sem esforço algum!

Pego, afago, esfrego
grafo, grito, groso, gozo, gosto de arranhá-la!
depois fumo meu cigarro e vou dormir

Um comentário:

eliz disse...

menino...quanta paixão por folhas em branco de papel...mas concordo plenamente que é sedutora ( a folha)quando está em branco...a vontade que dar, é de realmente afagá-la e deixá-la cheia de nossas marcas!!!