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domingo, 19 de abril de 2009

A CHUVA

A CHUVA

Há dias vinha havendo o aumento do abanar de mãos à cama
O arreganhar de janelas e o abuso dos ventiladores
O tempo quente e úmido e pesados tons eram os do céu.
A mulher murmurava – “vai pegar fogo em tudo!”
Enquanto o homem desabotoava a camisa alisava a pança.

Presságios! E nem por isso arrumou-se o telhado.
Nem por isso recolheu-se o lixo das ladeiras
Ou limparam-se as bordas dos bueiros.
Nem por isso afastou-se dos precipícios das encostas
Os desvalidos de todas as estações do ano
Nem deu-se folga à margem já minguada do riacho!

E o tempo trincando tudo de calor!
Daí a pouco, um pingo grosso, pancada forte na vidraça
E logo outro e outro e outros...
Um raio rachou o céu no meio, de cima a baixo
Crispou uma franja na borda do céu
E o estampido foi quase uma bronca irada na moçada!
E veio a primeira enxurrada!

E tão logo correram todos a aparar goteiras,
A fechar janelas, a recolher roupas no varal
E desligar os aparelhos eletrônicos...
E outros tantos a desabar ladeira abaixo
Ou a nadar no rio da rua, se a sorte lhe foi boa!

Era a chuva, nos dizer de nosso despreparo
em conviver com suas (ir)regularidades.
E ainda assim comemoramos, em meio ao aperreio!
Certamente a natureza se refresca
E em pouco tempo os brotos farão festa.

Por enquanto uns alegremente se lameiam.

Outros tantos só lamentam!
E alguns, nem isso! Apenas bóiam!

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