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quarta-feira, 18 de maio de 2011

BUSCA VÃ

Me perguntas o que fui buscar do outro lado do mundo, ao longe, ao além-mar, exterior deste lado? Fui procurar um outro de mim que suspeitei que lá habita, e justifica o daqui, esvaziado de si, a mentir que o de lá é estrelas que fabrica.

Mas encontrei o mesmo-outro, a cavucar o chão da existência, a mastigar reticências e a engolir silêncios, sem temperos de provérbios. Me apontou céu riscado das caudas dos aviões, cujas estrelas varreram. E outras, de desespero, tornaram todas cadentes e se atiraram ao mar. As que restam são verdinhas: para atingir estado de rezulências, terão que morrer primeiro.

Disse ainda, esse outro, que é provável que outros de mim haja, que de mim nem desconfiam. Se há, têm outras estórias, talvez até mais risonhos, talvez com olhos mais verdes, talvez com mais solidão, talvez conduzam comboios, talvez durma na sarjeta, talvez já mais anciãos. O certo é que em cada um, há um primeiro, andarilho deste mundo, desde quando não se sabe, e se esconde lá no uno fundo do si de cada. Todos eles buscam tanto, ou encontrar cada seus, ou se perder no sem rumo.

Me disse que a busca é vã, mesmo que vá ou que fique, que os outros são ficções, tanto quanto o mesmo este. E é só este que existe, com suas muitas facetas, no mesmo corpo que enruga–se, a cada manhã que estoura no horizonte da vida. Sugeriu orientar a inquietude do ser para compor horizontes e neles plantar estrelas. Mas não assim, quando der. Sugeriu que fosse agora, no nestante de cada pé, um a um, a cada vez, a palmilhar o consigo. Não deu consolo, nem nada. Apenas riu, e tão logo se esvaiu.

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