Pesquisar este blog

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

ESCOLA-CAIXA

A escola das minhas filhas é uma caixa. É uma caixa cheia de pessoas e boas intenções pedagógicas, abafadas ali dentro. É uma caixa cheia de ilusões que vibram no acústico da caixa. A ilusão da segurança, da eficiência, do controle, do tempo, do espaço panóptico, contido dentro da caixa. Há gente dentro da caixa, professores, alunos, outros funcionários, e nenhum deles pode ver o céu de dentro da caixa, nem podem ver o rio que desce em seu silêncio aos fundos da caixa. Há sonhos dentro da caixa, uns até são bem novinhos, inocentes, mas todos são infestados desses valores do status, das viagens para a Disney, das festas de aniversários, das poses dos novos ricos, todos tão mal-educados. E não há áreas de escape. No interior da caixa não há por onde vazar. Talvez perto do banheiro, haja ali alguma brecha! O Objetivo da escola das minhas filhas é ser caixa. Quiçá fosse de Pandora, pan-presença, ubíqua, a libertar de sua caixa, seus tantos males e vícios; e a deixar lá, resguardada, a ilusória esperança.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só hoje pela manhã tive o prazer de lhe connhecer. Qdo falou da escola "terra de ninguém" vi ali uma verdade do meu cotidiano e agora leio a Escola-caixa que considero muito interessante, uma sem estatuto e a outra com um pretenso estatuto. Vitória Barbosa