Cansei de ir atrás das borboletas
Elas estão sempre muito ocupadas
Em procurar flores exóticas
E perambulam agoniadas pela noite
Como se já estivessem
À beira do desespero
Mas escolhem flores muito comuns
Embora achem que são elas
Flores muito raras
Cansei do comum, das mesmas trilhas,
E, no fim delas, os mesmos resultados.
– “Brigadinho, viu! Te adoro!”
Os mesmos disfarces, as mesmas fugas.
Meu tempo é raro!
Vou cuidar de minhas rugas
Que elas são muito caras
Custam-me os sulcos da cara
Por isso meu riso é ouro!
Não quero mais rir à toa
Achar que estou numa boa
Quando não passo de enfeite
E no prato dessa salada
Não chego nem a azeite.
Vou partir noutros atalhos!
Vou cuidar do meu jardim
Borboletas que gostam de suas flores
Que gostam dos seus aromas
E que não lhes cobram nada
E de dádiva em dádiva,
Enchem-lhe de novas cores
Vou cuidar de outros amores
Dos que os meus dias estão cheios
Cansei de fazer a cama
Pros outros plantarem odores
Cansei de enfeitar a mesa
De custear o sorriso
Das musas dos estrangeiros
Vou cuidar do meu jardim
De quem nele planta algo
Pois há os que só nos ligam
Já pensando em colher logo
Vou atrás de outras belezas
Cansei de pagar a conta
Sem poder virar a mesa
Afinal, eu não sou santo,
Muito menos terapeuta!
(Pinzoh)
3 comentários:
Entretanto sacio o tempo em que borboletas por ai esvaem; um tanto inquietas,frenéticas.Mas não,não parecem desistir,algumas ao leito procuram e quem mais acatar,cedo descansará sobre a noite perdura - assim o fez um navegante enfastiado quando das flores cansou,o riso escondeu como também sua estima por não fazer a grande parte do prato principal.O qual,por sua vez,deveria ser saboreado ao menos um tantinho. - Sobretudo o tempo cheio de achismo,não o ultrapassou;E assim cuidou do tempo,do jardim...
Um abraço,foi um grande prazer lê-lo.
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