I
a criança abriu os olhos e viu tanto brilho
disseram que a mãe
deu-lhe a luz
- puta que pariu!
- quanta luz!
a criança chorou,
tomou banho e se vestiu
no mundo da luz
a criança não sorriu
pediu silêncio,
pediu escuro e dormiu
II
e veio fome de peito,
fome de pão e de afeto
colo de mãe e de pai
e antes do chão, viu o teto
o clarão diminuindo
cada imagem clareando
cores das coisas, foi vendo
vida se foi tecendo
a textura, o mole, o duro
e o território do quarto
desenhando o seu futuro
o sexo e a identidade
pendurados nas paredes
nas cores e nos brinquedinhos
um dizer silencioso
na pelúcia dos bichinhos
e a criança escutando
tornando-se aos pouquinhos
por cada dizer profundo
que falam todas coisas
um ser total deste mundo.
4 comentários:
Bom retorno.
"(...) no mundo da luz a criança não sorriu..."
Cada vez mais ficamos distantes de contemplar o nascimento de uma criança sorrindo.
Bacana as palavras poéticas.
Nossa que profundo!
Adorei o post e seu blog por inteiro!
Voltarei aqui sempre!
Bjs
Divuga o blog ômi!
Coloquei o link no poematório.
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