Pesquisar este blog

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Estética da sisudez juvenil



Eu não gosto de hiperbolismo poético. De poesia de xiliques! Não gosto dessa coisa exclamatória, recitativa, destinada a uma performance da revolta e do escárnio. Já gostei disso. Mas cansei! Isso se mostra como se se remetesse contra uma moral bem comportada, mas, no fundo, trata-se de uma estética eufêmica, cujos tons que se destacam são o lúgubre e o fúnebre, e uma opção pela razão escatológica, que no fundo só disfarça uma verve vitupérica e exprobrática: ao mesmo tempo que se auto-exclama, ofende.

No geral parece o ímpeto juvenil querendo desbancar o mundo e se impor agressivamente contra a prata da crina dos mais velhos. E contra suas experiências e sua suposta sapiência. Equanto isso eu prefiro a sutileza de um Manoel de Barros, que envelheceu para poder ser simples. E muito mais poesia! No fundo eu ando preferindo o allegro, ma non troppo, o tristi, ma non troppo. Via do meio é a que eu topo; veia do meio eu toco, estico o papo, se for preciso fumo o toco, mas não me venha com tanta sisudez, que eu dou um treco.

Nenhum comentário: